Para essa segundona resolvi compartilhar um texto interessante escrito por Marcel Camargo.
Se até a Gisele Bündchen foi Traída…
“No adultério, há pelo menos três pessoas que se
enganam.” (Drummond)
A recente explosão na mídia acerca da suposta
traição sofrida pela modelo Gisele Bündchen causou mais espanto do que revolta
ou indignação. A maioria dos comentários girou em torno da surpresa causada não
pelo ato em si, mas por quem o sofreu. Espantar-se com o fato de parecer não
haver justificativa para que a modelo mais famosa do mundo fosse traída pelo
marido equivale a dizer que a traição é justificável, ou seja, que quem é
traído também tem sua parcela de culpa no sofrimento causado pelo outro. Mas, qual parcela caberia a uma das mulheres mais lindas e desejadas do planeta? Daí
o espanto, decorrente não mais do que de uma visão distorcida da infidelidade.
É muito comum as pessoas dizerem que fulano pediu
para ser traído, que ciclano deve ser um chato para ter sido enganado, ou que
beltrano traiu a esposa que era fria e distante. De uma forma inversa,
portanto, tentam culpabilizar a vítima pelo que lhe fizeram, como se sua
humilhação já não fosse o bastante, como se a sua dor tivesse alguma razão de
ser. Ainda que a pessoa seja chata, feia, quieta, explosiva, intriguenta,
fofoqueira, como costumam ser qualificados os traídos da vida, nem ela nem
ninguém merece ser enganado, pois entregar o seu melhor em troca de decepção e
dor é por demais aviltante – a traição avassala os sentidos e deixa feridas
cuja cicatrização é dolorosamente demorada e, muitas vezes, irrecuperável.
Ao trair uma pessoa, estamos lhe retirando qualquer
traço de dignidade, isentando-a de qualquer resquício de humanidade,
desconsiderando-a como alguém por quem valha a pena ter um mínimo de
consideração, um ser desprezível. Trair quem nos ama é egoísmo, é ausência de
caráter, é ingratidão para com a entrega alheia. Ser traído é humilhação,
decepção, é impotência. A lógica distorcida que permeia a infidelidade é tão
desumana, que retira da pessoa traída sua lucidez e senso de percepção dos
fatos, uma vez que ela é levada a procurar em si mesma os motivos causadores de
sua dor, chegando ao absurdo de se perguntar onde errou, o que poderia ter
feito para evitar ser traída, o que fez para que o companheiro procurasse outra
pessoa.
Esquece-se, nesse redemoinho de indagações, de que
nada é cabível, tampouco justificável, em se tratando de traição, pois a
infidelidade é pessoal e intransferível; trata-se de uma atitude que depende
apenas de cada um – ninguém pede para ser traído nem age deliberadamente para
tal, como muitos costumam apregoar. Temos todo o tempo do mundo para terminar o
namoro ou o casamento, antes de embarcar em aventuras, antes de beijarmos
outras bocas, antes de nos entregarmos a um novo alguém. Covardia desmedida
mentir, brincar com sentimentos, deixar alguém à espera do que você já está
oferecendo a outra pessoa, tolher do outro a busca por alguém que o ame,
iludindo-o e encenando hipocritamente uma vida de fantasia.
Ainda que a infidelidade masculina seja
incoerentemente julgada com mais condescendência do que a feminina em nossa
sociedade e, por essa razão, talvez o homem, quando traído, atribua
integralmente à mulher a culpa com mais facilidade, tanto um quanto o outro
sofrem e amargam o desmoronar abrupto de expectativas, sonhos e esperanças que
a infidelidade provoca. Ademais, temos um dever moral com a pessoa com quem já
construímos uma vida, o dever da verdade, de dizer que o amor acabou, que o
desejo se foi, que a paciência esgotou, por mais doloroso que isso seja, pois
nada pode doer mais do que ser enganado.
A vida a dois não é nem nunca foi fácil, pois
requer paciência, troca, renúncia e persistência. Infelizmente, esse dia-a-dia
atribulado e célere a que nos entregamos tende a nos esgotar as forças,
impedindo-nos de investir na renovação de nossa cumplicidade com o companheiro,
ao fim do dia – e o amor, não encontrando mais conforto onde repousar, deixa
então de sê-lo. É fato que o para sempre pode, sim, acabar, que nossa
felicidade talvez não se encontre junto às primeiras paixões, que as expectativas
que criamos nem sempre se realizam e que temos o direito de correr atrás de
nossos sonhos com ética e distantes de quem nos dificulta esse viver. Porém, é
necessário sair de uma vida com dignidade, transparência e sinceridade, antes
de entrar em outra, porque não estamos sozinhos, nem solteiros, até que o outro
saiba disso. Uma coisa é certa: jamais seremos felizes enquanto não houver
verdade, seja ao lado da Maria, seja ao lado da Gisele. - Texto escrito por Marcel Camargo
Uma ótima semana para todas! :D
Me encontre nas redes sociais:

Verdade sempre culpabilizam a vítima. Se o relacionamento naonesta legal o melhor é ser honesto e cada um ir viver sua vida.
ResponderExcluirFalou tudo Marcy!!!! beijooos gatona!
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