Como é de lei, toda segunda, um texto novo e de reflexão... Espero que gostem!
Não existe BOTOX para o Vazio Existencial!
"Não somos nada, nem ninguém, sem consumir. Você já
parou para pensar nisso? Vivemos numa sociedade de consumo, disso todos nós
sabemos. Acontece que a nossa ânsia por obtenção palpável se estendeu até os
desejos mais íntimos. Não adquirimos por ímpeto apenas roupas, sapatos,
objetos. Nós consumimos sentimento, gente, sexo, prazeres, tempo. Tudo. Parece
que sem consumo não existe vida. Nem bem estar. Nem alegria. Nem amor. Nem
nada.
As pessoas estão cada vez mais insatisfeitas com
elas mesmas e com o mundo. Querem preencher a qualquer custo os seus buracos.
Consomem tudo e todos ao mesmo tempo, na ânsia desesperada de abarrotar os
espaços vazios que levam por dentro. Começam se enchendo de coisas, mas logo o
tangível passa a não bastar. Então, encontram nos outros a possibilidade da
sensação de plenitude, de prazer e satisfação. É uma perseguição efêmera atrás
da saciedade.
Aí vem a primordialidade de ter e sentir, a
carestia da posse, que comanda os sentidos e determina as ações. Objetos já não
suprem a ausência física de uma companhia, o desamor que maltratou o coração, o
desejo carnal irrefreável. É preciso sentir que alguém lhe pertence, nem que
seja por algumas horas, até atingir um nível de contentamento. A ideia da posse
acalma. O problema é que depois que o refém é liberado, um rombo maior se abre
por dentro, e você vai precisar preenchê-lo outra vez. E mais outra. E assim,
sucessivamente. Até que uma sombra equilibre a sua e, juntos, consigam fechar
todos os rasgos.
Enquanto isso não acontece, a busca pelo prazer e
pela companhia entra em um círculo vicioso. É preciso se sentir querida,
desejada, amada, reverenciada. Se consome amizade, se consome sexo, se consome
o tempo dos outros, a atenção. Aliás, o tempo é uma coisa curiosa. Tem gente
que só se sente vivo, de fato, se estiver abusando de todo e qualquer sopro de
segundo. Perder tempo ou sentir que não está fazendo nada com ele é
infelicidade na certa, é causa mortis. Abusam do tempo, o tempo todo, a fim de
afirmar-se vivo.
A busca por sexo também é uma forma de consumo,
porque se associa o prazer ao amor, confunde-se a proximidade com a companhia,
a carência com a presença. Depois a solidão chega e toma o seu lugar. É quando
o consumista, novamente, persegue quem possa lhe preencher, para suprir o vazio
e a necessidade de afirmação.
E assim, o consumo se expande junto das vontades
cada vez mais ansiosas e caprichosas. O eu grita mais e mais alto, faz as suas
birras, é exigente. Você cede. Até porque a sensação é de que uma vida sem
consumo é chata, vazia e sem nenhum propósito. O pensamento é que só é possível
ser feliz quando se adquire, seja lá o que for.
As pessoas gastam dinheiro, gastam tempo, investem
os seus planos e sonhos, se desgastam em expectativas e frustrações. Tudo em
busca de um sentimento de verdade. Não precisa ser imenso, não, mas que seja
inteiro.
A verdade é que enquanto faltar amor aqui dentro, nós continuaremos procurando lá fora por alguém que nos baste. Miraremos alvos
incertos, consumiremos o mundo freneticamente, expostos ao tiroteio dos
corações caçadores. A esperança é que, no meio da artilharia, em lados opostos,
nos reconheceremos dentre tantos atiradores; nós e o nosso amor próprio. Só
quando nos encontrarmos deixaremos de ser ávidos consumidores de gente." Por Karen Curi
Uma ótima semana para vocês! :D
Me encontre nas redes sociais:

0 comentários :
Postar um comentário